terça-feira, 22 de março de 2011

"linkando"

Vou colocar dois excertos de dois posts que li em blogs que por vezes dou uma espreitadela... não concordo a 100% com ambas as ideias, mas para além de as perceber, aproximo-me delas.

"Tendo em conta as variadas formas de manifestação da criatividade, torna-se simples perceber que o jogador criativo não é o que faz grandes dribles, grandes passes, grandes desarmes, é sim aquele que através da melhor decisão momentânea, para ele e para o seu colectivo, através de qualquer acção técnico – táctica, consegue o "espaço físico" que a equipa precisa, naquele momento, para o cumprimento de um determinado objectivo colectivo… isto sim é Criatividade."

O Centro de Jogo faz uma referencia à criatividade talvez um pouco diferente do que estamos acostumados a ler. Um momento criativo pode simplesmente ser um desarme, uma defesa, ou um tabelinha, não necessariamente uma finta ou um passe de letra, ser criativo num jogo colectivo é certamente tomar a decisão certa em determinado momento do jogo.

2. Outra coisa excessiva a respeito do modelo de Jesus é o entusiasmo que causa. O problema desta relação entre qualidade do modelo e entusiasmo que provoca é que é falaciosa. O melhor modelo não é o que galvaniza mais as bancadas, o que cria mais oportunidades de golo, o que motiva mais os jogadores. Não há relação de causalidade entre qualidade e efeitos exteriores na audiência, resultados práticos ou capacidade de motivação. O melhor modelo, e esta é a minha definição, é aquele que faz depender o colectivo o menos possível das individualidades. Nesse aspecto, o modelo de Jorge Jesus tem-se revelado cada vez mais banal. Depende excessivamente - e isto é algo que ando a dizer desde o início da época passada, embora se revele cada vez mais - da vertigem que as individualidades são capazes de colocar no jogo; depende das correrias dos laterais, da velocidade a que cada jogador reage à perda de bola, da espontaneidade de cada elemento, etc. Se é verdade que, jogando deste modo, impede os adversários de se organizar do melhor modo, impede também a própria equipa de jogar de modo organizado. O modelo de Jesus prepara a equipa para ser forte em momentos de desorganização, mas limita-a não a preparando para ser competente quando é preciso inventar essa desorganização.

O Nuno leva as coisas demasiado ao extremo, claro que o modelo de Jesus não é banal, sou da opinião que o melhor modelo é aquele que faz depender o colectivo o menos possível das individualidades, mas parece-me claro que Jesus também sabe disso. Agora há duas coisas que me apetece sublinhar: 
- "o melhor modelo não é o que galvaniza mais as bancadas, o que cria mais oportunidades de golo" claro que não, porque este poderá não ser um modelo ganhador, aliás poderá ter demasiados pontos contra.
- "Se é verdade que, jogando deste modo, impede os adversários de se organizar do melhor modo, impede também a própria equipa de jogar de modo organizado."
O problema do Benfica de Jesus está muitas vezes neste ponto, a demasiada histeria que a equipa vive tira-lhe por vezes a clarividência e torna a equipa desorganizada. O Benfica deste ano cria por vezes n oportunidades de golo, mas por outro lado expõem-se demasiado e isso provoca demasiadas situações embaraçosas para uma equipa de topo.

4 comentários:

JD disse...

Decidi comentar também o teu blogue João...

Sem qualquer tipo de desrespeito, apenas para compreender o teu ponto de vista, gostaria de perguntar porque não concordas a 100% com essas duas afirmações?

Abraço,

JD,

http://centrodejogo.blogspot.com/

João Mendes disse...

Olá Jorge,

Como disse gosto muito do teu post, gosto da tua abordagem à criatividade, mas há aspectos que vejo mais como tomada de decisão.
Agora, só como exemplo simples, por exemplo uma tabelinha é de facto uma forma de criatividade, e ao mesmo tempo tomada de decisão, mesmo podendo não ter nada de complexo (e isto vai ao teu encontro).

Quanto ao post do Nuno, como te disse, acho-o demasiado radical, por vezes usa isso para mostrar as suas ideias, mas falar em banalidade no modelo de Jesus é uma exagero demasiado exagerado.
Concordo completamente com ele no ponto 5. do post, e por curiosidade tinha comentado isso mesmo com um amigo meu no fim-de-semana antes de ler o post. Mas não acho por exemplo que o Barcelona-Arsenal fosse jogado nos 30 metros do meio-campo, foram bem próximos da baliza do Arsenal.

Abraço, obrigado pelo teu excerto :) e por vires cá comentar.

JD disse...

Sim claro também concordo com isso, mas não consigo separar as duas ideias. Tomada de decisão, tem tudo a ver com a criatividade, por isso aí falei também, na "melhor decisão momentânea", isto porque o contexto do jogo está sempre a variar, e dependendo disso mesmo, a tomada decisão também tem de ser variada, diria mesmo "camuflada", e para isso, la está, tem de se ser criativo, enganar o(s) adversário(s) em qualquer situação, percebendo o desenrolar do jogo, e não o ter "decorado", mesmo em acções simples a criatividade também está presente.

Esta foi a uma das frases que utilizei no inicio do texto, por ai podes ver também a minha ideia... "No caso especifico da modalidade de Futebol, percebo a criatividade através da qualidade de relação com o espaço, o tempo e a tomada de decisão contextual"...

Aqui no teu Blogue, mais abaixo, tens um texto fabuloso do Xavi, e este veio dar-me razão. Lógico que não sou ninguém quando comparado com esse senhor, mas quando vi essa entrevista dias depois de ter elaborado o artigo senti-me bastante contente, pela semelhança de ideias que os mesmos acarretam.

Quanto ao caso do Nuno, também percebo ao que te referes quando dizes isso.

Abraço, que o comentário já vai longo em demasia lol :p

JD disse...

Não sei se percebeste, pois esqueci-me de referir, estou claramente a concordar com o que disseste lol