quarta-feira, 7 de julho de 2010

Abram alas ao Noddy

Portugal está escandalizado!
Não no seu total, já que alguns andam distraídos com SCUTS, chips e “golden shares”, mas na sua maioria está escandalizado.
E como Africa do Sul já foi, para quem gosta de lembrar as coisas boas, há 500 anos, o escandalozinho do papá que cospe ou o escândalo que são as substituições do professor, foram rendidos pelo escandalozão que foi a transferência do João Moutinho para o Futebol Clube do Porto.

Para quem, tal como eu, segue o futebol tão de perto como a ASAE segue as feiras, o escandaloso no meio disto tudo é que os mais indignados sejam aqueles que acreditam, porque Jesus lhes disse, que o Benfica pode ser campeão europeu. O facto de ½ dessas almas acharem que o JEB foi mais uma vez erótico-possuído-por-trás pelo Pinto da Costa, enquanto o outro ½ acha que de um clube de caca só pode sair caca e pagar €10.000.000 por caca é um negócio de… caca, faz com que esta discussão sobre este tema particularmente desinteressante se eternize. Os jornais escrevem exactamente sobre aquilo que as pessoas querem ler, o que é muito bem “esgalhado” no sentido de aumentar as vendas e tal. Enquanto a grande maioria dos benfiquistas preferir moer a cabeça aos seus directos adversários (não estou a falar do Barcelona ou Real Madrid) a saber se o Jara é tão bom como o Sr. Quarenta-milhões-menos-um-bocadinho, vamos ter as páginas dos jornais cheias de João Moutinho. O que não se afigura fácil visto que, derivado ao seu tamanho, cada página levar aí uns 10 Moutinhos e ainda sobrar espaço para publicidade. Os adeptos do FCP estão contentes porque a sua direcção apostou num valor seguro. A maioria dos adeptos do Sporting sabe que a sua direcção vendeu um dos seus activos por um bom valor (excelente se considerarmos a fórmula $/cm³, fórmula usada para justificar a compra do Rochemback), dada a conjectura do mercado e uma pequena minoria que elevou o João a símbolo do clube acha que o mundo fazia muito mais sentido no tempo dos escudos.
Essa minoria está claramente errada e tem que perceber que o futebol evoluiu. O futebol é cada vez mais, felizmente, como a prostituição – 100% negócio, 0% sentimento.

Depois de correctamente analisadas as causas da discussão vamos passar a explicar de uma vez por todas o negócio.
Não será preciso chegar à revolução industrial ou aos factos que levaram ao crash na bolsa americana em 29 para concluir que nos países europeus desenvolvidos, e portanto, situados a Este de Vilar Formoso, negociar um jogador entre clubes rivais é [como dizer isto sem utilizar (um)a palavra vulgar] comum.
O SCP contava nas suas fileiras com um jogador tão descontente com a sua situação como qualquer português trabalhador quando olha para o seu salário ao fim do mês. O FCP achou que o jogador se encaixava no perfil desejado para a sua equipa. Ambas as partes chegaram a um acordo quanto ao valor desse jogador. O João voltou a sorrir. E tudo está bem quando acaba bem.

Saber com o que é que as claques do Sporting vão presentear Moutinho em Alvalade ou que o João vai usar o número deixado vago por um dos 50 jogadores que poderiam ter salvo a carreira de seleccionador ao Maradona, é apenas entretenimento para quem não tem acesso a estas fantásticas explicações.

(Qualquer comentário contra este texto poderá ser altamente ridicularizado pelo autor do mesmo (texto, não comentário))


Escrito com o selo de qualidade por: Ruben Ribeiro

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