We are the champions, my friends

No outro dia ouvia Manuel José numa entrevista, e retia algo que mesmo não tomando como algo 100% certo tinha a sua razão. Enquanto falavam da selecção nacional, questionavam-o sobre o Euro 2004 e ele dizia que quando viu aquela euforia toda na final, com motas, cavalos, carros, cordões humanos, e mais não sei o quê, pensou logo que Portugal não ia ganhar a final que toda aquela euforia retirava a concentração à equipa e que os jogadores mesmo não propositadamente pensariam que o jogo já estivesse ganho. Isto foi a primeira coisa que me veio à cabeça quando no sábado estava a ver a final do futsal feminino e a ACDC começou o jogo a perder 3-0. Superioridade absoluta do adversário? Não. Desorganização? Alguma. Concentração? Nenhuma (o que leva à desorganização). Parece-me de certo modo impossível controlar absolutamente a cabeça dos atletas, parece-me e sem querer ferir susceptibilidades, que é o mais difícil quando estamos a trabalhar com mulheres, e isso leva a que jogos que teoricamente são dificeis se tornem ainda mais dificeis. Embora parecendo-me impossível, é uma questão que tem de se tentar contornar, a verdade é que mesmo assim as coisas pioram dependendo do atleta, porque nem todos conseguem reagir da mesma forma, aos problemas ou à euforia. E há como se viu no passado sábado houve atletas que em nenhum momento conseguem ser aquilo que realmente podem ser como jogadores. Uma das melhores maneiras de se conseguir lidar com tudo isto, é com maturidade, não só maturidade pessoal, mas também a maturidade "desportiva" e isso ganha-se com títulos, com minutos, com competição a sério, com treino e com muito suor e querer.

Nenhuma equipa fraca, nenhuma equipa sem uma mentalidade forte conseguiria fazer aquilo que esta equipa fez, voltar ao jogo... empatar o jogo, passar por situações completamente adversas, e lutar sempre até ao fim pelo resultado. Talvez faltasse mais um bocadinho, talvez mais um bocadinho de acreditar que chegavam lá, talvez faltasse aquelas atletas que não conseguiram ultrapassar aqueles primeiros minutos, mas mesmo assim não deixaram de ser grandes e de honrar o emblema que levam ao peito.

Sinceramente, foi com muito orgulho que no final do jogo aplaudi aquele grupo fantástico, senti também aquela derrota, mas talvez seja aquela derrota que vos faça ainda crescer mais e serem ainda melhores atletas e melhores jogadoras.

Tal como eu, sei que o Luis Nogueira e o Ricardo Marinho aprenderam com esta derrota, sei como lhes custou perder, mas também sei que isto é mais um bocadinho para ser ainda melhores treinadores. Ninguém lhes precisará de dizer que tudo isto é muito deles, e que esta mentalidade vencedora veio ajudar muito ao titulo.

Agora é nos limites até ao fim, ainda falta mais um bocado... mas um bocado que acredito que vai ser muito bom para todos.